Caros pais e mães,
Os
servidores federais dos Instituto de Educação do Campus Monte Castelo,
professores/as e técnicos/as administrativos/as, estão iniciando o processo de
construção da sua terceira greve, desde que o antigo CEFET se transformou em IFMA.
Como os senhores, somos também trabalhadores, pais e mães de família, cientes
das nossas responsabilidades enquanto servidores públicos e educadores. É
justamente por termos consciência e responsabilidade pública com a educação de
qualidade que estamos mais uma vez discutindo e realizando a greve em nossa
escola.
Vocês são sujeitos parte da história
da construção do trabalho cotidiano nesta Escola. O fortalecimento do trabalho
que realizamos todos os dias tem como premissa o trabalho realizado no âmbito
da família. O diálogo entre pais e a escola é fundamental para que possamos
avaliar os desafios que temos a enfrentar e as ações que temos que construir
para um trabalho de qualidade para os filhos de todos os trabalhadores. Com
este objetivo, vimos por meio desta Carta dialogar com vocês e apresentar de
modo breve atual cenário educacional da Rede Federal de Ed. Profissional e
Tecnológica.
Antes, gostaríamos de destacar que
estamos há três anos sequenciados realizando atividades de paralização, seminários
de educação para discutirmos as condições e precarização do trabalho na rede
federal, reuniões com o governo, atos públicos em Brasília, reuniões com
gestores, movimentos nacionais de greve em conjunto com as Universidades.
Portanto, nada do que apresentaremos será novo, pois não estamos conseguindo
avançar em nossos desafios, o qual seja melhorar as condições de trabalho, as
condições de infraestrutura das escolas e o processo de expansão precário que
se instalou em muitos munícipios do Brasil e no Maranhão.
Cenário
da Greve em âmbito nacional
No
Congresso eleitoral do Sindicato Nacional dos Servidores
Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica – SINASEFE, ocorrido
nos dias 27, 28, 29 e 30 de março, foi deliberado a construção da greve
nacional a partir do dia 21 de abril. Desde esta data vários Institutos
Federais, Colégios Militares, Colégio Pedro II e Universidades iniciaram o processo
de paralisação nacional: 11 estados e cerca de 50 campi já aderiram à paralisação. Em
diversas IFE (instituições federais de educação), estado de greve, de
mobilização e indicativos de adesão ao movimento nacional foram aprovados, e várias assembleias ainda estão por ocorrer
em muitas Seções Sindicais.
Há
um movimento nacional de paralisação na esfera da educação, não somente a rede
federal, mas também na rede estadual e municipal. Em vários Estados as redes
públicas de ensino estão paralisando. Mas esta notícia vocês pais não
assistirão na rede globo, na Mirante ou em qualquer meio de comunicação de
massa. Porque boa parte da grande imprensa está articulada com os poderes
políticos para construir a imagem de que tudo está bem para realização da Copa
do Mundo. Quando a mídia noticia as greves que nós professores e técnicos em
educação realizamos, nos julgam, nos colocando na condição de criminosos,
descompromissados, ativistas. Porém, nenhum meio de comunicação discute com
profundidade a situação da Educação Pública no país e o processo de expansão da
rede federal e as condições de trabalho que vivenciamos. Nós também somos pais
e mães, e quando lutamos por uma educação pública de qualidade lutamos por
nossos filhos e pelos filhos de vocês, pelos filhos dos trabalhadores.
Cenário
da greve em âmbito estadual
Quem
está diariamente nas instituições de ensino sabe que a comunidade escolar
enfrenta problemas sérios com a falta de estrutura: faltam professores/as e
servidores/as, faltam alojamentos, faltam recursos tecnológicos, faltam
refeitórios, faltam bibliotecas, faltam laboratórios, chegam a faltar até mesmo
salas de aula em algumas escolas, principalmente com essa malfadada expansão. Temos
muitas metas para alcançar, implicando em recebimento de verbas para nossas
escolas.
O
número de professores e técnicos em educação em processo de adoecimento em
local de trabalho ampliou significativa desde o ano de 2010. Trabalhamos em
dois níveis de ensino diferentes e em três modalidades. Ofertamos educação
profissional em nível médio, concomitante, subsequente, ensino superior,
educação de jovens e adultos, educação especial. Além das ofertas regulares,
estamos com intensificação de nossos trabalhos devido aos inúmeros programas
que hoje a rede federal abriga, por isso, uma das nossas reivindicações junto
ao governo federal é a destinação de
10% do PIB para a Educação Pública. Os programas esfacelam e diminuem a verba
pública dentro da rede federal.
Não estamos reivindicando somente melhorias
salariais, este é o discurso que sempre divulgam com o objetivo de desmoralizar
a nossa principal pauta de reivindicação: uma
educação pública de qualidade socialmente
referenciada.
Reivindicamos:
Verba
pública para educação pública, ampliação do investimento do PIB! A rede federal
está sendo internamente privatizada por várias parcerias com a iniciativa
privada, empresas privadas e por inúmeros programas de qualificação
profissional. Vocês já ouviram falar do PRONATEC? Este é um dos programas hoje
que mais comprometem a construção de um trabalho de qualidade na rede federal
de educação.
Mais
concursos públicos! O processo de expansão da rede federal tem como lógica
“mais matrículas e menos recursos”. Hoje trabalhamos com um número maior de
alunos e com menos servidores (professores e técnicos em educação). O governo
ao em vez de realizar mais concursos públicos para as escolas que já existem há
mais de cinco anos, tem ampliado a contratação de serviços terceirizados.
Reestruturação
da nossa carreira! Desde a greve de 2011 estamos fortemente reivindicando a
estruturação da nossa carreira. Nossa proposta é de carreira única dos
Trabalhadores em Educação, esta é uma das nossas principais metas.
Isonomia
dos benefícios entre servidores da esfera federal! Em outros países os
professores são a classe de trabalhadores mais bem valorizada e respeitada, não
que desejemos estar à frente de outros trabalhadores. Queremos tratamentos sem
diferenciação, com igualdade, isonomia e respeito. Assim, reivindicamos o mesmo
tratamento de benefícios (alimentação, saúde, transporte) em relação aos demais
servidores do governo federal.
Se
o governo brasileiro não valoriza e respeita os seus professores não avançaremos
na construção de uma educação pública de excelência reconhecida pela sociedade.
Aos pais, pedimos apoio!
É
óbvio que quando os trabalhadores fazem greve não é com o objetivo de causar
danos a outros trabalhadores Não é a população o alvo da greve. Mas os
governantes, os empresários, os gestores, os patrões. Não recordamos ter visto
alguma notícia nos jornais sobre greve de políticos ou empresários. Eles não
precisam. Quem faz greve é trabalhador que vive do seu salário mensal, que tem
família para sustentar, contas a pagar; que enfrenta condições precárias em seu
ambiente de trabalho; que está cansado do arrocho salarial, de ver tudo subir,
menos o seu salário; que fica indignado com o descaso da coisa pública, com o
desvio de recursos e a corrupção.
Não
se faz greve para não trabalhar, se faz greve para se trabalhar melhor. Não se
faz greve para prejudicar a população, se faz greve para que a população tenha
um melhor serviço público. Não se faz greve para obter ou manter privilégios,
se faz greve para se conquistar e garantir direitos. Não se faz greve para
dividir os trabalhadores, se faz greve para fortalecer a nossa consciência de
classe e o sentimento de pertença a uma determinada categoria. Faz-se greve
porque nada nos vem de graça, tudo o que temos é fruto da luta.
Por
isso, senhores pais, pedimos o vosso apoio nesse momento histórico tão
importante para a educação pública. O que pode parecer um dano imediato para os
alunos, significará ganhos históricos para a educação pública. Somos nós,
educadores, técnicos administrativos, alunos e pais quem de fato tem interesse
pela educação pública de qualidade. Somos nós que devemos lutar pela educação
pública, pois serão os nossos filhos, os filhos da classe trabalhadora que
serão beneficiados.
SINASEFE/SEÇÃO
MONTE CASTELO
Nenhum comentário:
Postar um comentário